A "bíblia psiquiátrica" (o Manual Diagnóstico e Estatístico, DSM) é um grande livro que define as características de todos os "transtornos mentais" conhecidos. Ele é atualizado de vez em quando e foi dirido por Allen Frances durante anos. Em entrevista ao El País (em setembro de 2014), Allen admite excessiva medicalização da vida, estimulada pelas grandes empresas e "validada" pelo DSM.
Este é um fato importante para os educadores, visto que muitos dos comportamentos antigamente atribuídos a uma "normalidade caótica" das crianças, podem ser hoje erroneamente tratados como "anormais", usando o DSM como suposta base científica.
Allen Frances conta que conseguiram conter as propostas de inclusão de "novos transtornos mentais" até a quarta versão do DSM, em 1994. Depois disso a coisa começou a degringolar. Ele conta que:
"o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação."
Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/09/26/sociedad/1411730295_336861.html
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