Uma das tendências recentes entre pesquisadores e gestores educacionais é falar das tais habilidades "não cognitivas" (termo com o qual não concordo), ou "competências socioemocionais" (um pouco melhor).
Seguindo a linha de que "avaliar é preciso" - e levando em conta as limitações dos chamados testes "cognitivos" (como ENEM e SAEB) - alguns defendem que características como perseverança, otimismo e curiosidade sejam também avaliadas no processo educacional. Não se trata de dar "ponto negativo" como vingança pela má conduta do aluno, mas sim de buscar ampliar o espectro do humano incluído nos sistemas de avaliação educacional.
Por outro lado, há o perigo de que este processo aprofunde (ao invés de amenizar) alguns efeitos colaterais dos sistemas de avaliação, estigmatizando os alunos agora em várias dimensões, não apenas em uma. A grosso modo, se antes você poderia ser tachado de "burro", agora poderá ser rotulado como "burro e preguiçoso", caso a avaliação de competências socioemocionais seja difundida pelo sistema escolar. Isso sem falar de outros problemas, como a definição de um "ideal socioemocional" pelas agências avaliadoras.
Um exemplo "fresquinho" desta polêmica é o programa piloto realizado no Rio de Janeiro, fruto da parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a OCDE. Há alguns dias, a ANPEd (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisas em Educação) publicou um carta de repúdio a este programa.
Você pode ver a carta aqui. Para entender o outro lado, você pode começar por esta reportagem.
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